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sábado, 24 de outubro de 2009

Rev Assoc Med Bras 2002; 48(3): 217-21 217

DEPRESSÃO EM PACIENTES COM ENDOMETRIOSE
AVALIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE DEPRESSÃO EM PACIENTES
COM ENDOMETRIOSE E DOR PÉLVICA
CAROLINA LORENÇATTO, MARIA JOSÉ NAVARRO VIEIRA, CRISTINA LAGUNA B. PINTO, CARLOS ALBERTO PETTA*

Trabalho realizado no Ambulatório de Endometriose do Departamento de Tocoginecologia
do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM/FCM/UNICAMP), Campinas, SP.
Artigo Original


INTRODUÇÃO
A endometriose é uma ginecopatia que acomete mulheres em idade reprodutiva desde a puberdade até a menopausa. Consiste na presença de endométrio em locais fora do útero, sendo uma doença progressiva que
pode provocar lesões no aparelho reprodutor, e como resultado disso, o aparecimento de manifestações dolorosas e infertilidade1. Estima-se que a endometriose seja responsável por 40% das queixas de dor pélvica
crônica e por 35% dos casos de infertilidade feminina. A incidência média da doença é bastante discutida; acredita-se atualmente que atinge em torno de 15% na população feminina em idade reprodutiva1,2. Considerada como doença enigmática, de etiopatogenia incerta e tratamento variável, a endometriose é referenciada como “doença da mulher moderna”, sendo analisada pelo ponto de vista biopsicossocial. Atualmente, a mulher está propensa a uma menarca mais precoce, menor número de gestações (e cada vez mais tardias), o que implicaria em maior número de menstruações e, portanto, maior exposição à menstruação retrógrada. Além disso, a videolaparoscopia, que é um método que se popularizou nos últimos anos, possibilitou um maior número de diagnósticos1,3. O estresse e a ansiedade são vistos como fatores que poderiam contribuir para o desenvolvimento da endometriose, como também cronificar o processo etiológico1. Por isso, para alguns autores, a avaliação do perfil psicológico da paciente pode ser elemento de ajuda para o diagnóstico de endometriose. Sugere-se que essas mulheres apresentam certas características emocionais perceptíveis na prática clínica: elevado coeficiente intelectual, perfeccionismo, egocentrismo, ansiedade e estresse psíquico4. Buscando encontrar um perfil psicológico associado à endometriose, Low et al.5 avaliaram 81 mulheres com dor pélvica, sendo 40 casos de endometriose e 41 de outras ginecopatias. As pacientes com endometriose apresentaram índices mais elevados de introversão e ansiedade quando comparado ao outro grupo. Alguns traços de personalidade de pacientes com endometriose foram delineados através de um estudo exploratório conduzido por Abrão et al.1. São eles: ansiedade, auto-exigência, insegurança, mecanismos de defesa estruturados, alta capacidade de controle e comando, intolerância diante das falhas huma-
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