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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Freud de cada dia....


Artigo publicado no site da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - Publicações O Preconceito e no livro Psicanálise e o Contemporâneo, Samira Chalhub (org.) Hacker Editores, Cespuc, 1996.


A psicanálise e a publicidade funcionam, assim, como duas técnicas privilegiadas de produção de subjetividade.A publicidade convoca os sujeitos a apostar em sua onipotência. O sujeito das "culturas do narcisismo" no dizer de Christopher Lasch, adaptado às condições desejantes das grandes sociedades de mercado (independente de suas condições materiais), acredita que tem uma espécie de direito natural ao desfrute de todos os bens que a publicidade lhe oferece ou, pior ainda, acredita que tem uma espécie de dever de desfrutar deles. No discurso publicitário, evidentemente, o dever de gozar suplanta toda interdição ao gozo que funda as sociedades humanas - suplanta até mesmo a dimensão fundamental do Princípio de Realidade, que nos ensina que nenhum desfrute é possível sem um adiamento inicial, seguido de um certo investimento de, digamos, trabalho físico ou mental. O sujeito onipotente da Cultura do Narcisismo vive um delírio semelhante ao que Freud descreveu como o estado psíquico regido pelo Princípio do Prazer: sem história, sem mediação de tempo e esforço entre desejar e obter, sem dívida para com nenhum passado, nenhuma instância paterna.

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