FRANÇOISE DOLTO (1908 - 1988)
Françoise, nascida Marette, veio a luz em 1908, filha de uma família tradicional Parisiense. Ela era a quarta filha de uma família de sete irmãos. Foi educada nos principios da grande burguesía parisiense cuja opinião se formava com a leitura cotidiana do diario L'Action Française. Desde sua mais terna infancia, Françoise Dolto leu livros piedosos e foi mantida a distancia das coisas da sexualidade humana.Outro acontecimento contribuiu a mante-la numa situação de duelo, tedio e ignorancia: a morte de sua irmã maior, afetada em maio de 1920 por um cáncer ósseo. Dessa morte, Suzanne Marette (1879-1962), a mãe de Françoise, não se recompôs nunca, a pesar do nascimento de um último filho em 1922.
O estado depressivo em que ela que se afundou, a continuação de uma febre cerebral e de acessos delirantes, não era mais que a prolongação da melancolía que lhe afetava desde muito antes, e que só uma vida cheia de tarefas domésticas e deveres conjugais lhe havía permitido mascarar. Com essa educação, e em contato con uma mãe depressiva que, ainda que devota e amante, não era menos vítima dos ideais conservadores, a jovem Françoise Marette chegou aos vinte anos em um estado de neurose grave. Obsessionada por um principio de obesidade, invadida por pulsões violentas, era incapaz de encarar a menor relação com um homem, pensar em uma verdadeira profissão ou construir-se uma identidade.Começou sua carreira de Medicina quando tinha 23 anos. Quis ser "médica da educação", e se cruzou com a aventura pioneira do Freudismo francés, encarnada na pessoa de René Laforgue. Em 1934 iniciou uma análise com R. Lagorgue, em parte por causa de seus conflitos com a mãe. Sua cura psicanalítica começou em fevereiro de 1934 e durou tres anos. Realizou em seu destino uma especie de milagre semelhante a uma revolução da conciencia mediante o trabalho do inconsciente.
Françoise se converteu em outra mulher: uma mulher consciente de si mesma e já não alienada, uma mulher capaz de sentir-se sexualmente mulher, em lugar de ter uma imagem infantil e mortífera de sí mesma. De modo que o acesso à cultura Freudiana a despertou de sua neurose mediante a aprendizagem de um saber clínico, e a subtraiu aos prejuizos de seu ambiente.
Apesar, de sua educação e suas orígens conservou uma ardente fé católica, e a vontade de aliviar o sofrimento infantil.Desde seu nascimento, parece haver estado marcada pelas ambiguidades advindas da sua originalidade e ao mesmo tempo marginalidade. Filha de uma família tradicional Parisiense, ela se rebelou contra as idéias conservadoras de sua época, tornando-se médica e psicanalista.Dolto cedo se engajou na psicanálise. Desde 1953, Dolto e Lacan trabalharam conjuntamente, num movimento psicanalítico francês, pelo estabelecimento psicanalítico internacional. Dolto teve maior influência e interesse com crianças e na educação.Em 1942, Françoise casa com Boris Dolto, que mais tarde seria um especialista eminente de fisioterapia na França. Tiveram três filhos: Jean-Chrysostome, Grégoire e Catherine.Colega de Jacques Lacan, foi com ele um dos membros fundadores da Escola Freudiana de Paris, em 1964. Dedicando-se à psicanalise infantil, escreveu inúmeras obras sobre o tema, como Quando os pais se separam. Em 1979 fundou a Casa Verde, centro destinado a crianças com menos de três anos, acompanhadas dos pais, onde se tenta prevenir, pela palavra, eventuais problemas de relacionamento. Após trabalhar com crianças psicóticas e autistas, inventou as Casas Verdes que tem como um dos seus objetivos a prevenção. É uma espécie de creche, onde os pais ou acompanhantes podem também frequentar. Existe um psicanalista sempre para escutar se dirigir a esses pais e seus bebês.
Dolto deu uma definição simples e importante de prevenção em psicanálise: "prevenir é atender alguém quando este precisa". Com enorme êxito, o projeto hoje se espalha por diversos países.
Pediatra primeiramente, segue fazendo sua formação analítica, tornando-se uma psicanalista de aguda escuta clínica, com um estilo próprio de clinicar e fazendo avançar teorica e tecnicamente o tratamento psicanalítico de crianças. Desde o início de sua vida profissional, esteve voltada para os problemas e o sofrimento da infância. Nos seus estágios em Hospitais e Serviços Psiquiátricos com adultos, logo dá-se conta de que “...não é a partir dos dezoito anos que se deve tratar dessas pessoas, é desde a infância. Todas estas pessoas que chegam num estado delirante, tudo o que elas contam, são sempre coisas da infância.” (Dolto, 1990)
Pediatra primeiramente, segue fazendo sua formação analítica, tornando-se uma psicanalista de aguda escuta clínica, com um estilo próprio de clinicar e fazendo avançar teorica e tecnicamente o tratamento psicanalítico de crianças. Desde o início de sua vida profissional, esteve voltada para os problemas e o sofrimento da infância. Nos seus estágios em Hospitais e Serviços Psiquiátricos com adultos, logo dá-se conta de que “...não é a partir dos dezoito anos que se deve tratar dessas pessoas, é desde a infância. Todas estas pessoas que chegam num estado delirante, tudo o que elas contam, são sempre coisas da infância.” (Dolto, 1990)
Uma das principais contribuições de Françoise Dolto foi a de reconhecer a criança, desde a mais tenra idade, como um sujeito de si mesma, de acordo com a psicanálise, que considera o paciente como sujeito de seus desejos inconscientes. Para Françoise Dolto, a concepção é um encontro a três e não apenas a dois: "Sozinha, cada criança se dá a vida pelo desejo de viver". Desde o momento da concepção, o feto é portanto um ser humano em desenvolvimento. Ele está em comunicação inconsciente com a mãe.Françoise Dolto descreve o desenvolvimento da criança como uma série de "castrações": umbilical com o nascimento, oral com o desmame, anal quando começa a andar e aprender a usar o banheiro. A cada vez, a criança deve separar-se de um mundo para se abrir a um mundo novo.
Cada uma dessas castrações é uma espécie de provação da qual a criança sai mais crescida e humanizada. A responsabilidade dos pais é ajudá-la a superá-las com sucesso.Desenvolveu um aspecto da psicanálise com enfoque psicopedagógico e educação popular. Estava interessada em utilizar a psicanálise para melhorar a vida diária de pais e crianças, idéias psicanalíticas da vida cotidiana. A combinação de espiritualidade, empatia, e um talento para conversas diretas junto ao público, fez-lhe muito popular dentro da cultura psicanalítica francesa.
Françoise Dolto não se contentou em ser a psicanalista excepcional e a especialista em crianças que todos conhecem. Empenhou-se em tornar sua experiência viva e transmissível, sempre à disposição daqueles que desejassem encontrá-la e interrogá-la a partir das dificuldades experimentadas em sua própria prática. O combate em favor da “causa das crianças” fazem de Françoise Dolto uma referência obrigatória na abordagem da psicanálise com criança.Durante os últimos quinze anos de sua vida, a través do radio e depois da televisão, ela continuou lutando em favor da "causa das crianças" a qual havía dedicado toda sua vida de clínica. Se converteu na figura mais popular da França Freudiana, porém foi criticada pelo ambiente psicanalítico, que lhe reprovava que levara o divã para as ruas.
No momento de enfrentar "a passagem", a pesar da enfermidade que lhe levava (uma fibrose pulmonar), Dolto conservou sua lucidez. Morreu em sua propria casa, rodeada dos seus e sem haver perdido sua fé cristã.Françoise Dolto faleceu em 1988, com 80 anos, deixando trabalhos de dimensões internacionais, mais de dois milhões de cópias de livros vendidos.
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